17 de agosto de 2012

Educação?


Por Alexandra Sturzeneker[1]

Vamos falar de educação. Palavra que está sendo distorcida e incompreendida nos novos tempos. Há tempos atrás educada era a criança que respeitava pais, avós, professores... Estou falando do respeito que vem da admiração e não do temor. Essa geração passou, pois as crianças cresceram, a tecnologia avançou assustadoramente e aprimora-se dia após dia. Temos que ser “espertos” para acompanhá-la. As mulheres tomaram o mercado de trabalho e as crianças, filhos dessas crianças de tempos atrás, estão mais solitárias e ao mesmo tempo mais atarefadas, pois são tantos idiomas a aprender que até se esquecem da língua mãe (como é que se escreve mesmo “excesso”?). Isso é uma dúvida de vestibulando e não de crianças do nível fundamental, porque nessa fase estão imersas nos sites de relacionamentos e muitas vezes parecem digitar códigos ao invés de palavras. Ah! Esqueci-me, é a pressa, precisam encurtar ao máximo as palavras, repetir letras para enfatizar suas emoções. Eu fui uma criança desses tempos passados, que admira uma boa obra literária e, diga-se de passagem, isso está perto do fim, pois o que lotam as livrarias são Best-sellers, auto-ajuda (sim, pois dão-nos a entender que somos cegos, dependentes de alguém com uma lamparina a supostamente iluminar o caminho).
Vamos voltar à educação. Professores mal preparados, alunos desinteressados, pais ausentes, Estado muito, muito mais perverso, essa foi a melhor palavra que encontrei para descrever a situação do sistema educacional. E nas faculdades? Pergunto se alguém quer ser professor, e o ser humano diz “eu vou ser de literatura e português”. Logo vem a crítica: “Você tá maluco? Ganhar mal e ainda levar desaforo para casa todo dia? Por que não faz engenharia, se ganha dez vezes mais e você vira chefe rapidinho, você faz seus subordinados engolirem sapos”.

Rubem Alves diz que uma das missões da educação é “formar um povo, ajudar as pessoas a sonhar sonhos comuns para que, juntas, possam construir.” E ainda, “as escolas devem ser o espaço onde alunos e professores sonham e compartilham seus sonhos, porque sem sonhos comuns não há povo, e não havendo um povo não se pode construir um país”.[2]
Bem, não sei por que, mas muitos ainda acreditam que o Brasil é o País do Futuro...



[1] Membro do Gefil Assessoria Cultural e aprendiz da Formação Holística de Base da Universidade da Paz.
[2] ALVES, Rubem. Conversas sobre Educação. Campinas: Verus, 2003, p.8.